Ao contrário do que parece, depende mais do que você faz, e menos, muito menos do que pensa e escreve por aí. Não é só o voto, é tudo. Independe do ambiente onde você vive, trabalha. É a sua atitude que faz as coisas acontecerem, ou não. Um país de pessoas maravilhosas? Ilusão. E um tanto quanto prepotente pensar que os outros deveriam ser melhores, até porque os outros, neste momento, estão pensando o mesmo de você. Mas, sim, vivemos um ciclo de terceirização da responsabilidade. Talvez o maior de todos, e o mais devastador para a sociedade brasileira.
O Brasil está cortado ao meio, e se você perguntar a qualquer um, o erro está em alguém da outra metade. É a ignorância dos extremos, a estupidez crônica dos radicais. Nossos cérebros foram arrancados e embrulhados em panos verde-amarelos ou vermelhos, e estão, hoje, em caixas de papelão, jogados num canto da garagem. Exagero? Perca um minuto e vasculhe as redes sociais. Encontre algo que valha mais que um sorvete quente com anel de plástico. Pelo amor de Deus! Como pode um país se curvar a essa onda de bobagens, mentiras e criancices de ambos os lados? Que inveja dos analfabetos, que estão a salvo disso. Como podemos aceitar que isso entre em nossas casas? Como permitimos que este ódio seja destilado em nossas salas?
Posição se tem, claro, mas fica até fácil não emiti- -la quando isso significaria defender um absurdo modelo de guerrilha virtual. Para as pessoas medianas para cima está difícil defender convicções quando o que se ouve são discursos hipócritas e inaplicáveis. Se os administradores, engenheiros, advogados, médicos e estrategistas de internet votassem no domingo e acordassem cedo na segunda subsequente e fizessem algo de prático, o Brasil era outro, com certeza. E o pior é que é essa gente que está conduzindo as coisas. Hoje quem menos sabe mais ensina.
Quanto mais tempo livre mais influência consegue. Políticos encurralados, tentando driblar tendências que ninguém sabe de onde vem, muito menos para onde vão. Equilibristas. Não acho que essa é a saída para o Brasil. Não penso que esse racha vai dar em algo de bom. A saída é empreender, gerar riqueza. Foi isso que todos os países desenvolvidos fizeram. Ao invés de perder tempo com briguinhas de rua, partiram para o ataque juntos, contra um mundo difícil, cheio de injustiças. Venceram essa guerra porque abriram mão das disputas internas, ao menos por um tempo.
Trabalharam todos unidos, e assim conquistaram a confiança do cidadão, que votou no domingo e levantou na segunda para trabalhar.
Respeitadas as diferenças, país ideal é aquele que todos falam a mesma língua.